terça-feira, 21 de junho de 2011

Enviado Por:Aline Pereira Postado Por:Aline Pereira...

Obras de Moacyr Scliar
Um sonho no caroço do abacate
Autor - Moacyr Scliar
Ilustrações - César Landucci
Ilustrações - Mauricio Negro
Mardoqueu Stern, filho de judeus lituanos, de uma família simples, conhece Carlos no Colégio Padre Juvêncio, freqüentado por filhos de fazendeiros e de industriais. Carlos era negro. Como eu, Carlos fora admitido graças ao padre Otero. O pai dele, consultor jurídico de uma grande estatal, tinha sido transferido de Salvador para São Paulo. Era um homem que ganhava bem, e queria colocar o filho num bom colégio, mas encontrava dificuldades - por razões óbvias. Entre os dois nasce uma grande amizade. Porém, juntos, enfrentam a discriminação, a injustiça e a incompreensão.
A respeito desta comovente história, o autor, Moacyr Scliar, descendente de emigrantes judeus russos comenta: Minha infância e minha juventude foram marcadas pela sombra do preconceito. (...) Não estou só me referindo à cor da pele. Estou me referindo a idéias, a sentimentos, a emoções. Deseja, assim, compartilhar com os jovens leitores uma história sobre esperança, amizade e amor.

  
 
O Imaginário Cotidiano
Autor - Moacyr Scliar
Nem sempre a vida imita a arte. Com muito mais freqüência, a vida inspira a arte, por razões óbvias. A riqueza do cotidiano é infinita. Dramas, comédias, óperas bufas, tragédias de arrepiar, psicologias complicadas, tudo fervilha na realidade de cada dia. Saber explorar esse material inesgotável é prova de sagacidade, mas exige também do escritor uma certa adaptação, como ocorreu com Moacyr Scliar na elaboração dos trabalhos reunidos em O Imaginário Cotidiano.
Acostumado a extrair o material de suas obras da própria mente, o escritor gaúcho sentiu-se um tanto embaraçado quando recebeu convite da Folha de S. Paulo para escrever ficção baseada em notícias publicadas no jornal, ou seja, a arte não apenas imitando a vida, mas se estruturando a partir da própria realidade cotidiana imediata.
No início, Scliar ficou em dúvida. Daria certo? Atirando-se ao empreendimento e uperando as próprias desconfianças, logo se conscientizou das múltiplas possibilidades da proposta. Mais do que enveredar por uma nova aventura, fascinou-o a possibilidade de explorar uma espécie de história virtual "que complementa ou amplia a história real (se é que sabemos exatamente o que é uma história real)".
Assim, passou a pinçar aqui e ali trechos ideário, aparentemente incapazes de servir de material inspirador de ficção: o mercado da Bolsa deixando um operador neurótico, quatro pessoas feridas por balas perdidas, macacos famintos que invadem as cidades, homem preso por forjar o próprio seqüestro, um pretenso modelo matemático capaz de prever gols no futebol, o jogador que queria direitos autorais sobre os seus gols.
São indicações sumárias, que o escritor explora com sarcasmo, comoção ou a mais pura gozação, mas sempre com aquele dom de se comunicar com o leitor e envolvê-lo desde a primeira frase.

Melhores Crônicas Moacyr Scliar
Autor - Moacyr Scliar
Seleção e Prefácio - Luís Augusto Fischer
Na crônica, como em tudo mais na vida, cada um dá o que tem. No caso do cronista, há ainda uma peculiaridade: ele não só transmite o que lhe está na alma, como precisa se despersonalizar ou se desdobrar, sei lá, para captar os mistérios e as banalidades do cotidiano. É como uma antena (talvez parabólica) aberta para o mundo, captando novidades, sempre filtradas através de um temperamento e uma história de vida.
Quanta complicação para dizer que o cronista Moacyr Scliar, um dos grandes ficcionistas do país, revela a cada momento em suas crônicas a sua situação de médico e de judeu, filho de imigrantes, muito orgulhoso de ambas. Essa condição acentua a sua visão crítica da vida e "muitas vezes o ângulo irônico, quando não humorístico" (humor judaico), como salienta Luís Augusto Fischer, no prefácio às Melhores Crônicas Moacyr Scliar, aliás, recolhidas em livro pela primeira vez.
Nada mais natural também que, como ficcionista autêntico, muitas de suas crônicas estejam mais identificadas com a ficção do que com a crônica pura, sem fermento. Ótimo. O fermento da imaginação, sobrepondo-se à simples observação, muitas vezes tem o dom de cutucar o leitor, de despertá-lo para outra dimensão da realidade, quando não lançá-lo em pleno absurdo.
O absurdo serve também, quase em surdina, para a crítica social, a condenação das vaidades humanas, a reflexão sobre as armadilhas da vida moderna.
Mas, seja em seus mergulhos no absurdo ou na captação do cotidiano, o cronista nunca perde o poder de se comunicar com o leitor, através de uma linguagem clara, coloquial, sem rebuscamentos, a linguagem do povo, mas depurada por uma rígida disciplina. Como observa Fischer, "sua crônica proporciona ao leitor a agradável sensação de compartilhamento, que temos ao conversar com um parceiro".

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